domingo, 21 de outubro de 2012

Simple Man.


 
(nosso primeiro encontro e nossa primeira foto)
 

Quando eu te conheci, eu não imaginava na imensidão que isso se tornaria.
Eu realmente achava que eu não te amaria e tive medo de não retribuir na mesma intensidade com que eu via aflorar em você. Mas tudo mudou quando estávamos caminhando e você simplesmente segurou em minha mão. Naquele exato momento eu senti segurança, a mesma segurança que só uma pessoa me passou a vida inteira, meu pai.
O tempo foi passando e me ensinando de como era fácil te amar, de como você faria sem o mínimo de esforço tirar um sorriso do meu rosto, e de como você foi rápido e rasteiro em tirar minha frieza, aquela que eu carregava das minhas antigas decepções. Mas isso não vem ao caso.
 
(quando fomos ao morro do careca)
 

Eu gostava e ainda gosto de lembrar de quando nós íamos no morro do careca depois de um dia exaustivo de trabalho e combinávamos em não ir pra aula, e nos divertiamos em ver Chaves. De como nós devorávamos aquela deliciosa batata frita do Tavares, de como nós éramos felizes em ver The Walking Dead e de como você falava: "vê lá, não vai acontecer nada." E até das tentativas fracassadas de me ensinar a jogar video game e da maneira como eu apertava todos os botões ao mesmo tempo por pura falta de coordenação.
E dos dias de sol em que eu lhe esperava ansiosa no banco, e dizia: "Senta aqui.", só pra que você sentisse o banco aquecido, e curtisse comigo aquele momento em que eu te mostrava a pontuação em Nyan Cat, ou não.
Das vezes em que fazia pacotinhos pra guardar seus cupcakes, ou quando comprava dois bombons e comia o seu, logo me pesava a conciência e comprava outro.
De como você me ensinou a gostar de Star Wars, e de quando dávamos aquela pausa no filme porque o desejo do amor falava mais alto.
Lembro da tua decepção quando soube da morte de Steve Jobs, de quem continuaria os projetos. E da sua reação quando soube que iria sair o filme dos Hobbits.
 
(quando foi para o hospital)
 

Lembro de quando você se preocupou comigo quando eu tive que ir várias vezes ao hospital, e do meu choro quando vi o tamanho da agulha, e quando chegou no outro dia para me visitar trazendo suquinhos de uma marca que eu nunca tinha visto na vida. E eu também estava ao seu lado quando você passou por complicações, e levei os mesmos suquinhos pra você, e da maneira como me contou surpreso referente a visita do Marcus Dejean. E do bombom de sonho de valsa que ainda estava ao lado de sua cama quando chegou em casa. A mesma cama onde nos amamos, e onde eu chorei quando foi para o hospital, até porque eu não sabia o que você tinha, e foi muito dolorido chegar ao apartamento da pessoa que eu amava e ver suas fotos de criança logo na entrada, e deitar na sua cama, sentir o seu cheiro.
 
(a sua foto mais fofa)
 

Lembro do dia em que acordei com sua mãe chegando em casa, com os olhos vermelhos, e chorando no sofá preocupada.
Foi a época em que aprenderam a minha carteira e seu tio foi o salvador da pátria.
Lembro de quando eu te liguei pra vir na minha casa pra jantar, pois tinha feito uma macarronada. Naquele dia eu me senti sua mulher, nossa primeira janta juntos.
Gosto de lembrar dos dias que dormia comigo e de como eu sempre gostei das suas caras e bocas quando eu falava: "suco de couve" ou "alface". E da cara que você fazia ao engolir a cenoura sem mastigar e logo surpreendia sua garganta com um imenso gole de qualquer coisa. E de quando eu te dei de comer uma maçã e você olhou pra mim e disse: "Até que é bom!"
E quando na véspera do meu aniversário o Lothar morreu, de quando meu pai me pressionava psicologicamente, de quando eu fiquei sem onde morar e sua família me acolheu.
De como nós gostávamos de tirar um cochilo depois do almoço e quando nós fazíamos amor antes de voltar ao trabalho, "Ainda dá tempo!".
Das vezes que eu chorava na cama sem motivo e você não me deixava dormir enquanto eu não falasse.
Da maneira como nós empurramos a moto até o posto porque a gasolina tinha acabado, e depois que nós enchemos o tanque vimos que ambos estavam sem dinheiro. Tivemos que ligar para o seu pai, lembra? E de como aquela sua antiga moto custava a pegar e você ficava nervoso porque eu achava engraçado.
 
(nossa viagem a Piçarras - e a fotógrafa profissional)
 

Das vezes que cada um escolhia os presentes e surpresas, apesar de que eu nunca soube surpreender você, até porque eu acho que ficava mais ansiosa e acabava dando pistas demais, como aconteceu no seu aniversário. "Não vou dizer onde vou comprar seu presente... é na Marcelo".
Sabe, eu fiquei emocionada quando eu sentei pra escolher as nossas alianças e fiquei bem assustada com o pedido avassalador de namoro e com o primeiro "Te amo" dentro do Open, até porque além de termos ficado apenas por uma semana, tudo era muito novo, não sabia nem o que estava sentindo no momento, era uma mistura de vários sentimentos, que se transformaram com o tempo, e lhe dei o nome de amor.
 
(um dia qualquer na minha casa)
 

Lembro de quando fomos à Piçarras, e de como você ficou com os pés roxos e ardentes por uma semana por causa do sol e da maneira como a luz reluziam neles(ainda bem que estávamos de óculos escuros), e de como nós torramos dinheiro em cerveja, sorvete e naquele inesquecível milk-shake de nutella que te custou onze reais. E falando em comida, lembro da pizza mal escolhida na Pizza Bis, comemos apenas a metade, porque no sabor que dizia: CHESTER, só tinha tomate, e ambos não gostamos de tomate. E da maneira como eu esquematizei para falar pra garçonete que era seu aniversário, e da surpresa que fiz pra você naquela noite.
Lembro de nós decidindo o dia do noivado e de quando nós trocamos a data por falta de dinheiro e também de tempo.
 
(Almirante Sabóia e meu medo pela altura)
 

E dos sustos que levamos quando o médico disse pra eu fazer um exame de gravidez e da maneira como ficamos perturbados a madrugada inteira esperando o resultado aparecer na tela, atualizando-a de uma em uma hora. Essa noite parecia não ter fim.
De como você me fez arrepiar pela primeira vez encostando a barba na minha nuca. Da maneira como me estremecia por dentro, de uma maneira fantástica, mágica, sobrenatural.
E de quando nós ficávamos imaginando de como nossos filhos seriam, como eles se chamariam, e eu confesso que até calculava a data de seu nascimento.
Gostava de te chamar de "Mestre-Pança" e da maneira como eu me sentia confortável ao deitar nela. Gostava de mexer no seu cabelo e fazer penteados, fazer carinho em sua nuca, e te fazer arrepiar a espinha.
 
(quando você me mostrou Mariscal)
 

Gostava de ouvir quando me contava sobre sua infância e das suas fotos.
Gosto de lembrar das suas manias de deixar as roupas dobradas sobre a TV, mesmo sabendo que existe um espaço só seu no meu armário. E da maneira como fazia seu omelete e de como não gostava quando eu dava palpites.
Gosto de lembrar quando eu subia as escadas e você me surpreendia com um tapa na bunda, e eu te olhava com uma cara de brava. Você sempre prometia que não faria mais, mas como você costumava dizer, era como se fosse um imã.
E de como você falava a letra "R" no final das palavras, e eu pedindo para que repetisse.
Eu gosto de lembrar de todas as sensações, de todas as emoções, de todos os sentimentos, de todos os momentos.

(primeiro passeio)
 

Mas de uma coisa eu sei.
Eu não gostava do seu cheiro, e a sua voz era mais bonita no telefone. O nosso beijo foi se moldando conforme nossos lábios de envolviam e nossos olhares se tornavam cada vez mais intensos. E mesmo sabendo de tudo isso, não demorou muito pra eu me sentir um peixe fisgado.
Eu me senti fora da água, e mesmo fora dela aprendi a respirar você.

Aprendi com esse tempo que fiquei sem ter você, sem segurar a tua mão, sem beijar teus lábios, sem te fitar os olhos, que eu não sou nada sem você.

Que você é a chave da minha porta, a peça final do meu quebra-cabeça, a tampa da minha panela, a metade da minha laranja, o feijão do meu arroz, o bacon do meu Cheeseburguer, o molho de alho da minha batata frita, o marca página do meu livro.
Você é o buraco na minha cabeça. Você é o espaço na minha cama. Você é o silêncio entre o que eu pensava e o que eu disse. Você é o medo noturno. Você é a manhã, quando está claro. Quando tudo acaba, você é o início. Você é a minha mente e você é o meu coração.

(nós, como deveria ser)


O Han Solo da princesa Leia.
O Neni da Tuti.


You're all I want. All I need.

domingo, 14 de agosto de 2011

As duas jabuticabas fitavam com um briho sobre natural, o mundo. E fitavam-me com o mesmo brilho.
Era possível se eu espremesse os olhos com força, poderia ver através da casca, sua alma.
Poderia perceber como entendiam o mundo, e se entendiam da mesma maneira como eu. O brilho que surgia quando surgia o meu. Eram envolvidas com os raios do sol e abraçadas com o entardecer.
O brilho permanecia nos meus, assim como eu acredito permaneciam nelas, quando iam embora, quando o via partir.
Olharei, com o cuidado mais puro de criança de saber o que há além da casca, mesmo sabendo o que me aguarda.
As jabuticabas meu bem. São teus. Agora meus. Olhos.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Romantismo existe em cada linha, em cada céu, em cada vida.
Vejo o azul do céu mesmo em dias de tempestades e a luz do sol que me ofusca os olhos, e a melodia das trovoadas. Consigo ver mesmo quando os raios entram em conexão com Gaia.
Os sons que ganham cores, e nas mais variadas sensações surgem os sabores.
Renovam-se sentimentos que permaneceram por muito tempo calados, cegos e surdos.
Nascem momentos.
Volta a vida aquilo que dentro de mim, já havia sido enterrado, e velado, por várias e várias vezes.
Milhões de tentativas que fracassei (ou fracassaram por mim), e mesmo assim nunca me cansei de tentar fazer reviver.
E hoje vive a vida, saiu do túmulo, mostrou a face, me condensou pelo gosto, me encontrou, o doce, o sincero, o puro, ingênuo e pequeno, amor.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Virginia me possuiu.

Me transformei Virginia, enlouquecida, voraz e sedenta pela paixão. Conseguiu de mim o que não conseguiu de Vita. Conseguiu me fazer apaixonar.
Me tornei tua amante, noite e dia, hora após hora. Consumida pelo cansaço e eufórica pela paixão.
Mesmo em momento de pura tristeza, sincera também, é ali que ela estava, enxugando minhas lágrimas linha após linha, capitulo após capitulo.
E mesmo sem me conhecer, sem me saber, sem estar em seu mundo, apaixonei-me pela tua voz, e pela sua frieza e sua postura meio ereta. Pelas palavras que me diz, e que leio, me conforta todas as horas.
Sim, és minha nuvem e sobrevoa minhas ondas.
Me fizeste tua amante o resto de minha vida.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Mãe, querida e única.

Mãe, o que o futuro tem a me oferecer?
Quantas portas se fecharão? Quantas janelas se abrirão?
Mãe, você fala: "Bebe, não chore. Não chore mais"
Mas como eu poderia fazê-lo sem saber o que o mundo me reserva. Mãe, você fala: "Não chore mais".
E quantas vezes eu o fiz, sem saber qual era o sentido, qual era o motivo.
Quantos colos você me deu, quantos carinhos e beijinhos me ofereceu.
E as lágrimas que do meu rosto enxugou, e quantas cairam junto com as tuas.
Mãe você chora comigo, e eu falo: "Bebe, não chore. Não chore mais".
Mãe, quem vai me dar carinho quando eu mais precisar?
Quantas vezes eu pensei e sonhei com o fim.
Mãe, me dê sua mão, e carregue com ela, a minha. Me mostre o caminho, me faça ver.
Me ensine a andar, a rezar.
Faça com que o tempo volte, com que eu seja criança e a ver o mundo da maneira como via. A sentir o que eu sentia. E me deixe cair para aprender a ser ingenua, pequena.
Caminhe comigo novamente sem olhar o perigo, sem olhar para traz.
Oh bebe, não chore mais.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Mário Pirata.

Negros acham que brancos cantam pouco Índios acham que brancos falam muito Ciganos acham que brancos dançam pouco Brancos acham tudo e massacram muito.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Para Giza Basso.

Quando perdemos amores definitivamente é quando enxergamos que amar certas pessoas não valem a pena. E, quando vemos que amores não valem a pena é porque não encontramos o amor verdadeiro, aquele que chamamos de recíproco.
Eu posso dizer por mim que amei diferentes pessoas de maneiras... diferentes.
O que eu quero passar pra essa pessoa pra quem eu escrevo agora, 01:53 a.m., é que, se você não encontrou amor de sua vida em todo esse tempo é porque realmente não exista pessoa no mundo que retribua esse teu sentimento, e se, existe, é porque deve apenas ter paciência.
Os momentos difíceis do qual você passa no momento de hoje, no de ontem e no qual você pensa que passará amanhã, uma hora desaparecerão.
Pode demorar o tempo que for, mas eles sumirão.
Quando o amor se torna obsessão, poder de posse ou algo parecido, ele se torna doença.
Temos diversas doenças em toda parte de nossas vidas, mas ficar doente por amor nos leva a loucura. Loucura da qual a pessoa que passa, acha, vive, e pensa a deixa feliz, mas a outra parte(pessoa) da história é a que sofre mais, por passar pelo que passa, sofrer pelo que sofre.
Nascemos sozinhos, morreremos sozinhos.
Só você sabe quantas alegrias e felicidades teve a sua vida inteira ou maior parte dela. Só você sabe quantas dores, mágoas e momentos de raiva passou.
Não posso lhe dizer:"Faça isso! Faça aquilo!" Só você sabe o que deve fazer e quais serão suas REAIS conseqüências.
Muitas pessoas, ou apenas uma, pode lhe impedir de fazer, viver. Mas nenhum carrega este direito.
O duro é acreditar que muitas acreditam que realmente podem ter poder de posse sobre alguém. Muitas delas confundem obsessão com amor, muitas delas acham que por não conseguir andar com as próprias pernas devem depender de alguém. Pensamento errôneo!
É mais difícil ainda acreditar que pessoas como essas acreditam fielmente e cegamente naquilo que pensam. Nossas mentes devem estar abertas a qualquer tipo de pensamento a qualquer hora de nosso dia.
Cada um de nós tem um amor para a vida inteira, e, azarados aqueles que morreram sem saber.
Talvez eu morra sem saber e você também, mas eu digo pra você que os amores que eu tive foram amores que me fizeram crescer, amadurecer.
Sabe, eu não sei realmente o que te falar, não porque eu tenha conflitos na minha mente, nem porque pense várias coisas ao mesmo tempo e que não saiba como colocá-las em ordem na hora da fala, deve ser porque eu NÃO TENHA O QUE FALAR!
Sei pouco sobre sua vida, e durante o tempo que temos passado juntas não tenha sido o suficiente para saber, pois todos os pensamento que eu tiver referente a você e sua vida sejam precipitados, o que eu não gosto.
Eu acredito de olhos fechados, e com a boca também no mesmo estado, que o Universo todo está ao seu favor, independente das coisas que estejam acontecendo hoje e das quais aconteceram com você na sua vida.
Você mesma diz: "Aqui se faz, aqui se paga!"
Todos pagaremos pelas nossas encrencas, pelos nossos erros, por mais ridículos que eles tenham sido. Pois, o que você faz, o Universo faz ao seu favor, dependendo do seu pensamento à respeito.
Eu vejo você chorar, eu vejo você sorrir.
E a imagem que prevalece, sempre será a última.
Você já deu seu máximo, se a outra parte não sabe(ou um dia soube) valorizar, você pode ter certeza, a minha pelo menos, de que o Universo cobrará.

O que eu não quero mais, é te ver chorar.



domingo, 23 de janeiro de 2011

Meu baiano. Seu Caetano



Baiano e os Novos Caetanos é o nome de um trio musical e humorístico composto pelos humoristas Chico Anysio, Arnaud Rodrigues e Renato Piau satirizando no título o conjunto Novos Baianos e o cantor Caetano Veloso.

Nascida nos anos 70 como uma sátira ao tropicalismo, a dupla formada por Baiano e Paulinho Boca de Profeta (personagens de Chico Anísio e Arnaud Rodrigues, respectivamente, no humorístico "Chico City") trazia em suas canções letras divertidas e engajadas e um instrumental de primeira, com belos arranjos de violões, sanfonas e cavaquinhos, entre outros instrumentos. Clássicos como "Vô Batê Pá Tu", que fala das delações na ditadura, e "Urubu Tá com Raiva do Boi", uma crítica à situação econômica do país e ao “milagre econômico brasileiro”, e a bela "Folia de Reis", fizeram de Baiano & Os Novos Caetanos um nome significativo no universo do samba-rock e da música rural.


“Amo, amo a mata! Porque nela não há preços. Amo o verde que me envolve... o verde sincero que me diz que a esperança, não é a ultima que morre. Quem morre por último é o herói. E o herói, é o cabra que não teve tempo de correr...”

(Cidadão da mata)


A criatividade musical esquecida pela maioria de nós, ou apenas nosso desinteresse.

Valorizemos agora.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Eu queria escrever algo.
Só consigo fazê-lo ouvindo uma boa música.

Não aguento o barulho do secador de cabelo. Não soa bem aos meus ouvidos. Não inspira.
Ele faz com que a harmonia deixe de existir, quebra o silêncio.

Seque seu cabelo ao vento.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Está um pouco tarde, as horas passam e mal tenho tempo de piscar meus olhos, de espirrar.
Há muito tempo não escrevo, não por falta de vontade, nem por falta de tempo, não culpo o tempo por nada, como a maioria o faz.

Hoje saiu o sol, caiu a chuva, brotou a flor, latiu o cachorro, amei um pouco mais.
Amo mais que ontem, menos que amanhã e a quantia certa hoje.

Vou arrumar a mochila pra viagem, vou contar o tempo, vou correr um pouco mais, tentar fazer o mundo girar um pouco mais rápido.






domingo, 1 de agosto de 2010

Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior

É tão
bonito

quando a

gente vai

à vida pelos

caminhos

que batem

bem mais

forte o coração.

terça-feira, 6 de julho de 2010

under the blue sky.


"I've got sunshine
On a cloudy day
When it's cold outside
I've got the month of May

Well, I guess you'll say
What can make me feel this way?"



Meus olhos nos seus olhos. Nossos olhos em um só olhar.
Meu olhos não são meus, são teus.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

ROCK NA CASA BRANCA


(Reportagem da revista PIAUÍ 45, onde o ponto de vista mais claro impossível expõe para o público a realidade não vista de várias matérias em que cai no esquecimento do ser humano, ou de não tanta importância dada. E é no universo em que vivemos e não vemos o que acontece em nosso redor. As pessoas que gostam de uma boa literatura, de saber, aprender e se aprofundar em diversos assuntos dos quais a maioria da população mundial nunca soube. Problemas nacionais e internacionais em diferentes ângulos e percepções.)


COMO ELVIS PRESLEY PEDIU A NIXON PARA SER AGENTE DO FBI.

A constatação foi feita pela National Archives and Records Administration de Washington, a instituição federal encarregada da preservação de tudo o que documenta a história oficial dos Estados Unidos: uma banal fotografia de quarenta anos atrás, de escasso valor simbólico , tornou-se o documento mais solicitado até hoje para reprodução. (...) Não é pouca coisa ser o primeiro da lista de um acervo que agrupa, entre outras categorias, 9 bilhões de páginas de texto, mais de 20 milhões de fotos, 365 mil rolos de filme, 70 mil gravações e 7,2 milhões de itens cartográficos.

A história por trás da foto começou numa noite de 1970, quand dois hóspedes vindos de Los Angeles, e, no dia seguinte, um vindo de Memphis, no Tennessee ocuparam as suítes, 505, 50 e 507 do Washington Hotel.
Registrados como coronel Joon Burrows, Jerry Schilling e Sonny West, tomaram café da manhã bem cedo e rumaram a pé até a Casa Branca.
Burrows levava consigo uma carta manuscrita de seis folhas, endereçada ao presidente Richard Nixon. Levava também uma pistola Colt calibre 45, acomodada numa caixa de madeira.

Ao se apresentar aos guardas do portão da ala norte, Burrows deixou de ser Burrows e se apresentou como "coronel". Identificou-se, corretamente, para o espanto dos guardas: "My name is Elvis Presley." Informou estar ali porque precisava trocar uma palavrinha com o presidente. Ou, pelo menos fazer chegar às suas mãos a carta que havia escrito de próprio punho.

Aparição e pedidos tão insólitos desencadearam respostas igualmente incomum. Enquanto o Rei do Rock 'n' Roll e seus dois amigos guarda-costas aguardavam na guarita, o envelope foi levado ao acessor presidencial Dwight Chapin para avaliação. Escrita em garranchos, rabiscados sobre papel de bordo da American Airlines, a missiva sugeria improviso e urgência. Num dos trechos, Elvis Presley dizia:
"Não pleiteio cargo nem nomeação para um posto fixo, mas posso e serei mais útil se puder me tornar um Agente Federal Itinerante... Do meu jeito, posso ser de grande ajuda, dada a minha capacidade de comunbicaçãocom pessoas de todas as idades... A cultura das drogas, os elementos hippies, o SDS [Estudantes para uma Sociedade Democrática], os Panteras Negras etc. não me veem como inimigo."


um dia eu termino.


terça-feira, 22 de junho de 2010

lights.






The sea urchin's future.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

terra de jagunços.

Canoinhas.
Distrito de Marcílio Dias.
Visão 360º, loucura!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A minha infelicidade de ser quem eu sou.

Eu queria poder viver a vida sem precisar de ninguém, sem precisar de amigos, de paixões, de amores. Eu me impressiono cada dia mais comigo mesma, com os meus sentimentos e com os outros seres humanos também. Eu me impressiono de como os outros se agarram em outros de uma maneira tão complexa. O amor assim como a política são coisas incompreensíveis, inexplicáveis, indescritíveis. Quereria é poder conhecer as pessoas sem precisar delas, sem sentir a falta delas, sem nem ao menos se lembrar delas no dia seguinte. Quereria mesmo é ter uma memória curta, mas eu digo curta mesmo.

Às vezes eu quero ser uma pessoa que eu não posso ser, às vezes eu penso porque eu sou assim, me pergunto praticamente o tempo inteiro. Eu me pergunto por que eu tenho cabelos morenos, olhos avelã, e tenho uma personalidade que me incomoda profundamente. Eu não queria realmente ser ninguém que me conhece, não queria mais ainda ser quem eu sou.
Poderia ser qualquer um, qualquer um mesmo. Poderia ser o africano que passa fome ou morre de malária, poderia cair de um avião e morrer, poderia ser qualquer coisa deplorável, lamentável, mas não queria ser quem eu sou, incapaz e sem saber realmente se eu posso um dia gostar de alguém.
Incomoda-me saber que eu consigo ser qualquer pessoa, gostar de qualquer coisa, conversar sobre qualquer assunto só pra impressionar e nem ao menos me dar conta do que eu faço.
E o que mais me tortura é pensar que eu não posso mudar e é pior ainda quando me vem à memória a montanha de pessoas que já magoei.

Eu não quero que você entre para a lista.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

alguma coisa.

Eu tenho um problema assim como qualquer outra pessoa tem.
Não consigo acreditar que algumas pessoas se casam por interesse, assim como acho rara as vezes que as pessoas morrem por amor.
Não acredito em ET's, nem mesmo nas milhões de músicas que falam de amor.
Enquanto eu degusto o vinho a minha rinite desgraçada ataca, enquanto as duas coisas acontecem eu penso. Sim, penso. Todo tempo.
Coço meu nariz, esmago meu olhos, Cruzo meus braços.
As vezes que acho que sei de tudo, e de repente eu percebo que sei de nada.
A vida como sempre surpreendendo de sendo surpreendida.
Eu queria pedir desculpa a todos aqueles que eu magoei e que eu perdoo aqueles que um dia me magoaram.

não sei mais o que escrever.

"O amor nos torna... patéticos". (Rita L.)


Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão.

O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.

Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então?

Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara?

Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.

É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.

Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda+ você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim.

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.

Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.

(Arnaldo Jabor)

"O medo, a angústia, o sufoco, a neurose, a poluição
Os juros, o fim... nada de novo.
A gente de novo só tem os sete pecados industriais."

(Baiano e Os Novos Caetanos)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

mon cher.


Un, deux, trois. Je direi qui tu es.
Un, deux, trois, je veux que tu sois comme toi.



Pourrait me donner le monde, mais mon souhait serait que vouz avez.
Pourrait passer le reste de mes jours à parler et parler et parler de mon sentiment, mais je ne peux que vous dire combien je vous aime.
Mon amour.

dia-a-dia.

O sol quase cega meus olhos e o vento seca minha pele. As folhas caem e as pessoas passam. Os carros arrancan e os motocicletas perdem o equilibrio. Propagandas em todos os cantos, em todas as arestas, em todos os lugares.
O patriotismo que aflora as peles e raças e cores e etnias. Aquele que por sua vez só surge quando as pessoas pensam que os outros acham que elas são patriotas mesmo. Enganam-se.
A porta que se abre às 8:00 da manhã, e a mesma que se fecha quando a claridade de um dia cinzento se vai.
As sacolas de supermercados que não aguentam o peso que transportam e arrebentam no meio do caminho. O olho que lacrimeja, o sorriso meia-boca, ou quase nada dela.
Anotações na agenda que fazemos e que riscamos depois de comprido o dever. Botas que fazem téc-téc-téc a cada passo, por mais leve que seja, e vem alguém insuportavél dizendo que está com dor de cabeça!
Do que adianta uma das mãos no bolso enquanto a outra balança como um pendolo no ar gelado de alta serra?
Os cabelos que parecem um ninho quando levantamos e que logo some - ou não.
E por que a postura correta quando se é gordo? E o apendice no corpo, se aquele função nenhuma tem?

Tantas coisas que formam o meu dia-a-dia, tantas coisas que se repetem, e outras que a probabilidade de que ocorra novamente é tão pequena.

E quando falta dinheiro pra você fazer qualquer coisa o que você faz? Não faz?
Assalto meu cofre de vaca incomum, a maioria só conhece de porco. Aquele normalzinho cor-de-rosa, ou como as mulheres falam: rosa bebê. Um homem nunca vai saber diferenciar um rosa, um cor-de-rosa, um pink, um rosa bebê, ou qualquer outro tipo de rosa que possa existir que agora não me recordo.
Existem detalhes tão pequenos, tão imperceptiveis, tão minúsculos aos olhos. Detalhes quase não vistos, quase sem importância, ou completamente sem ela.
Detalhes são apenas detalhes.
Deixar-ei os detalhes de lado.

O tic-tac que não dura um dia, o cigarro que se fuma no momento de nervosismo, o filho que nasce, o avô que morre.
E todos os dias eu penso em largar tudo, em deixar de sentar na cadeira na frente do computador, nem se quer ligá-lo. Penso muito em deixar as coisas fúteis de lado e com a vontade enorme de viver, conhecer, sentir, ver.

O aquecedor ligado no banheiro. Negativo três graus. Um cachorro preto, outro branco e uma coelha colorida.
Os pássaros mudos, o gato calado à espera de conseguir um tempinho pra poder roubar ração do cachorro.
O cachorro menor que come a ração do cachorro maior, e vice-versa. É a corrente que se passa no portão. A carona que me dá carona pra faculdade.
Os livros que não li, os cd's que eu não escutei, nem mesmo abri.
A manta que aquece o corpo e o vento que esfria alma.

O coração que bate e que os outros orgão rebate. Uma ação com toda a sua reação.
Os olhos que se fecham e se abrem sem que nos percebamos, a jojóca que acontece quando menos esperamos.
O mantra que se resita, o incenso que se queima.

Inúmeras, inúmeras, inúmeras coisas que vivencio, vivenciei e pretendo vivenciar.
Bom, tomara que eu consiga!

terça-feira, 8 de junho de 2010

Flores na pólis.




holy love

Uma cadeira branca na esquina do meu trabalho.
Uma cadeira giratória. Branca.
Ao lado do poste que iluminaria a esquina há algumas horas depois, pessoas passam e vão nas lojas gastar o dinheiro, ou vão aos bancos pagar contas, ou simplesmente passeiam por passear.
Outra cadeira surge, uma cadeira mais “incorporada”. Preta.
Uma piadinha logo em seguida nasce: “Éééé, cotas!”.
O sol batia a um ângulo que fazia com que a sombra do prédio de dois andares apenas, chegasse à metade da outra quadra, o que já era bastante.
Deveria ser um pouco mais que 16 horas e meia, quase cinco. As crianças as percebiam, os adultos só o faziam quando aquelas ousavam sentar.

As duas cadeiras se completavam como a poesia completa o amor

domingo, 23 de maio de 2010

Eu por eu mesma e você por mim.

Quando a gente julga as pessoas sem antes conhecê-las estamos praticamente cometendo um crime. Eu digo isso pelo fato de eu já ter julgado demais e ter ouvido milhões de críticas a meu respeito.
Eu tenho medo de mim mesma depois que certas peças começaram a se encaixar, eu tenho medo das coisas que eu possa fazer e das pessoas que eu posso magoar.
Semana passada eu fui ao meu psiquiatra e ele me perguntou se eu gostaria de saber qual era minha personalidade, curiosa como sempre eu logo disse que sim. Depois que eu sai do consultório eu me senti atordoada, sem sentido, sem reação. Me senti pequena, me senti indefesa.
Algumas coisas acontecem em nossas vidas para nós vermos como elas realmente são, você ouve, você vê coisas que não gostaria, mas por ironia do destino talvez tudo aquilo era pra você poder perceber o que te envolve, o que te engloba.
Eu já quebrei a cara milhões de vezes com pessoas, com sentimentos, inúteis muitas vezes. Eu sempre me joguei de cabeça em tudo aquilo que eu queria, dei o meu máximo, tudo de mim e mais um pouco. Eu não consigo amar alguém só pra dizer que ama, nem consigo amar pela metade, eu amo inteiramente e quando eu gosto eu gosto inteiramente também.
Ontem eu fui em um festival em Irati, lá eu encontraria algumas pessoas que conheço a muito tempo via internet e o que me magoou foi pelo fato de que um amigo meu que eu pensava que se importava não me deu muita bola, sendo que ele foi um dos meus únicos grandes amigos (que eram três) que saberiam da minha internação na clínica.
O meu erro sempre foi e talvez sempre será em confiar cegamente nas pessoas com o corpo interio.
Hoje eu tenho um alguém, um alguém que me faz acordar de manhã nos suspiros, que me faz delirar. Talvez mesmo sabendo o quão eu possa sofrer, o quão eu posso me machucar, eu prefiro me arriscar e deixar que o sentimento me leve. Eu chorei, eu sorri por ele, pra ele.
Talvez esse meu texto seja o mais sem nexo, o mais estranho, o mais sem ligação alguma, pois eu comecei falando de algo e depois mudei todo o roteiro.
Eu mudo o roteiro toda hora, pois na verdade eu nem o tenho, a minha vida não é um roteiro como em peças de teatro do qual você ensaia, ensaia, ensaia e lê milhões de vezes o texto pra não sair nada errado.
Eu faço as coisas simplesmente por me sentir bem e por achar o que devo fazer. Esse é o meu jeito de viver, de amar, de sonhar, de sentir.
Eu posso ser como eu sou e eu posso agir como eu ajo, mas mesmo de um jeito meio estranho, mesmo sabendo que não somos normais no ponto de vista de outros, mesmo eu tendo os meus defeitos, e as minhas manias. Mesmo eu babando a noite no travesseiro, ou sempre levantando com o pé esquerdo e ascendendo um incenso todos os dias quando acordo e quando vou dormir, mesmo quando começo a ler um livro e paro na metade, mesmo estando com a minha pior roupa e com o cabelo sujo, mesmo que não tenha sol e que o mundo acabe. As coisas podem acontecer de tantas maneiras que é impossível você prever cem porcento, as coisas simplesmente acontecem, mesmo que isso te surpreenda ou não, a vida é tão pequena, é tão frágil, é tão delicada a ponto de ser como qualquer cristal, do qual você quebra e nunca será o mesmo. As pessoas pra mim são como cristais, quando eles se quebram não tem o que faça eles serem como eram antes e por isso que você é o que você é pra você, e o que você é pra mim.
Está na hora do ser humano acordar e viver um pouco mais.
Eu acordei no momento em que te conheci.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

"Até parece que você já tinha o meu manual de instruções, porque você decifra os meus sonhos."

Se eu soubesse falar como você fala, andar como você anda, amar como você ama. Se eu soubesse sentir o que sente. Se eu soubesse me tocar como você o faz, se eu soubesse fazer tudo o que sabe fazer, se eu soubesse falar ao telefone como você fala, eu não precisaria de você.
Mas eu não sei.
Trocamos olhares, caricias. Trocamos desejos, sentimentos, momentos, emoções.
Trocamos depoimentos, declarações, mas nada substitui o meu querer. Querer você.

Queremos um ao outro, desejamos feito loucos.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Janis.


"Mesmo que nossos lábios não se cruzem novamente, posso dizer em silêncio, tudo aquilo que ficou escondido pra sempre. Haverá momentos em que nossos pensamentos se encontrarão no espaço, e assim, sentiremos falta de estarmos juntos novamente"

terça-feira, 4 de maio de 2010

não era um bicho de sete cabeças, mas não era de uma só.

07:00 a.m. mais ou menos, estávamos no Bali Hai de Piçarras, eu, Renata H., Daniel Alexandre e Bruno Vivan, conhecido mundialmente como "Padre".
Eu fui em direção ao mar, naquela manhã ensolarada como nunca vista por meus olhos numa praia frequentada por mim desde os meus 02 anos de idade, manhã linda era aquela, em que as ondas vinham beijar a praia, e a lua dava lugar ao sol, radiante, ardente, como só ele.
Tirei minhas sandálias salto 15, molhei meus pés no mar e pedi aos céus que tudo fosse novo, diferente e melhor. Como a maioria das pessoas fazem, creio eu.
Aquela manhã nunca deixará de existir, nunca deixará de ser lembrada, pois só eu sei o que senti, quando vi toda aquela beleza em ótimas companhias, nossas vidas de boêmios, com cigarros e bebidas. Rindo à toa, deixando identidades voarem e beijando lábios. Sentindo a areia, e os arrepios que o vento fazia questão de nos trazer.
Fomos embora, cada um para seus lares, eu fiquei com Renata na casa dos tios dela, voltamos a Floripa no mesmo dia, às nove da manhã. Fiquei babando e dormindo a viagem inteira. Imóvel.
Passaram-se alguns dias e estando em casa, fui parar em uma clínica psiquiátrica em Florianópolis, São José, Clinica São José, clinica psiquiatrica de São José.
É.
Eu fui. No dia 09 de Janeiro.
Eu estava dopada nos primeiros dias, não me lembrava de nada. Não me lembro de nada até hoje.
Esquizofrênicos. Bipolares. Dependentes químicos e depressivos. Tudo isso em um único lugar.
Nos dois primeiros dias eu fiquei no apartamento 12(é assim que eles chamam, ao invés de falar quarto). Não tinha banheiro no quarto, e eu tinha de repartir um banheiro com mais alguém, não me lembro quem. No outro dia me mudaram para o apartamento 21, quarto grande, banheiro próprio, uma beleza, no mesmo dia entrou na clínica uma loira, baixinha, era Déborah Blando. Sim, aquela cantora, cantora é ainda.
Os homens ficavam separados das mulheres, eles lá e nós cá. Os exercícios físicos eram praticados apenas com um enfermeiro junto e nunca mulher com homem, o que eu achava tolice. Todos os dias conversava com psicólogos, tomava remédios nos horários, fazia terapia ocupacional... passar o tempo.
Eu escrevia cartas, escrevia textos, eu fumava.
Uma coisa bem engraçada é que tinha lugar certo pra se fumar, um quadrado de mais ou menos 5mx5m, com um banco de madeira. Os cigarros tinham horários certos para serem pegos, das 7:45 ás 8:00 da manhã, das 14:00 ás 14:15 da tarde e a noite era das 19:45 às 20:00... se eu não me engano.
Minha mãe me visitava todos os dias, no horário de visita, das 16:45 às 17:30. Foi assim durante uma semana.
Todas as manhãs e ligava pro meu namorado, no horário de ligação é claro. 10:50 às 11:20.
Pedi a minha mãe que me comprasse uma flor pra harmonizar o quarto,um vaso lindo... Acabei dando para uma enfermeira, pois não poderia trazer embora, dentro do ônibus, ela me disse por Orkut que deu meu nome a flor. Achei tão meigo.
Bom, eu dispersei um pouco... continuando. Havia (e ainda há) horário para tudo, homens comem antes que as mulheres, mulheres não conversam com homens, homens não conversam com mulheres. Mas eu como gosto de conhecer, tive minhas "escapulidas" e sempre conversava com um ou outro.
Eu tomava um antidepressivo que me engordou, me deixou com sono, e tudo era gostoso, a comida era gostosa, tudo era tão azul. Mas acabei fazendo umas reclamações como dormir demais, enjoos e acabaram mudando minha medicação... quem mudou foi minha psiquiatra, Dra. Patrícia. Comecei a tomar Fluoxetina, remédio bom, voltei a pesar o que pesava antes, meu humor melhorou, claro que o estabilizador de humor me ajudou bastante também, além do mais, todos deveriam tomar esse estabilizador de humor. Nossa! Faz milagres, você ri até da própria tragédia, hahaha!
Na clínica fiz amizades com os enfermeiros, com os médicos, com os psiquiatras, com as cozinheiras, e com as internas... e internos.
Cada pessoa que lá esteve comigo, que me contou sua história e ouviu a minha também, são fantásticas. Todos lá se julgavam normais enquanto todos aqui fora os julgavam feito loucos.
Sueli é o nome de uma moça de 30 anos que eu conheci, ex-bailarina, tem um filho de 7 ou 8 anos, sofreu muito. Sua amizade esta guardada comigo até hoje. Choramos juntas, rimos juntas, tomamos café juntas, tudo juntas. E até bala de café eu aprendi a gostar e toda vez que eu sinto o cheiro de um café passado ou até de uma bala da boca eu sinto o gosto, é dela que eu lembro.
Déborah, Sueli e eu éramos um tripé dentro da clínica.
Havia uma moça com o nome de Luciana, ela estava no SAE (sala de atendimentos especiais), é pra lá que vão as pessoas quando surtam. Ela surtou depois que recebeu a visita da filhinha, não recebia visita de pessoas há muito tempo, segundo outras internas. Ela era vigiada por enfermeiros 24 hrs, levavam comida até seu quarto, a acompanhavam nos exercícios, nas caminhadas, enfim... tudo. Os quartos do SAE eram do lado da enfermaria, e entre eles há uma janela com 30 centímetros aproximadamente de comprimento e 10 de largura, por ali eles entregavam os alimentos e os medicamentos para Luciana. Ela estava a duas semanas surtada já, os enfermeiros não sabiam mais o que fazer. Gritava enfurecidamente a noite como em filmes de terror. Ela olhava as pessoas passarem através da minúscula janela, e para cada uma delas cantava uma música diferente, na maioria das vezes Bob Marley. Num dia quando os enfermeiros entregaram-lhe a comida através da janela, Luciana jogou o mesmo para o lado da enfermaria, sujando documentos e outras coisas. Logo após os enfermeiros deram vários mata-leões à ela, o que fazia com que a clínica pudesse dormir tranquila. Quando acordei um dia para tomar café da manhã, olhei pela porta entre aberta e pude ver Luciana dopada, com seus pés e mãos amarrados fortes na cama, alimentada por soro e usando fraudas. Foi uma das piores coisas que eu pude ver.
Passou uma semana, dia 15 era aniversário de mamãe. Os internos tem direito a passar um final de semana com a família, dependendo o comportamento, é claro. Consegui passar o aniversário de mamãe com ela. Fomos pra Palhoça num hotel em que ela estivera hospedada, fui na sexta e voltei no sábado. Passeamos juntas por Florianópolis, ela chorava e eu também. Eu chorava quando ouvia minha irmã, quando lembrava de casa, quando falava com parentes e do erro que eu havia cometido.
Mesmo sem muito dinheiro ela tentava me mimar com as coisas que eu pedia. Comprei um presente pra Sueli, pra sempre que usasse lembrasse do quão é valiosa nossa amizade.
No sábado, dia 16, meu namorado e sua família foram me ver. Todos aceitaram naturalmente a minha doença. Foi um dia muito bom para nós. Almoçamos todos juntos e ficamos conversando a tarde inteira, perto da praça da figueira.
Eles foram embora as 15:00, quando começou a garoar. Eu tinha que estar na clínica as 17:00.
Eu e mamãe pegamos a mala e em seguida pegamos o ônibus pra eu poder chegar a tempo na clínica.
Cheguei e fui bem recebida, as enfermeiras perguntavam de como tinha ido meu dia e perceberam que eu tinha alargado mais a orelha, passando de 10 para 12 mm em cada uma.
No dia seguinte Sueli e Déborah haviam chego na clínica, eu estava com muita saudades delas. Logo de cara entreguei o presente pra Sueli, um colar feito por uma índia peruana. Sementes coloridas. Ela adorou o presente e sempre quando conversamos diz que quando o usa lembra de mim.
Neste dia mamãe teria que ir embora para trabalhar. Eu fiquei sem visitas. Eu chorava, me deprimia, dormia no horário de visita muitas vezes, ou esperava encontrar alguém pra conversar. Sueli pediu pra sua mãe ir no horário da visita masculina que era um pouco antes, assim me fazia companhia. Passava a maior parte do tempo escrevendo também, coisas sem nexo, mas era só como passatempo.
Na quinta-feira, dia 21, eu conheci um garoto com nome de Bruno, era filho de uma interna. Cabelos longos, loiros e um olho de cada cor. Cego de um deles. Mas isso não importa. Menino assertivo, atraente, de bom gosto. Déborah e Sueli me disseram o quão vermelha eu havia ficado quando dei as costas e ele foi embora, a taquicardia começou, as pernas bambolearam, o suor tomou conta das mãos, fumei dois cigarros, um atrás do outro. Nervosismo demais.
Conversamos até hoje.
Esperei que ele viesse na sexta-feira visitar a mãe, não foi. No sábado eu estava de malas prontas para ir embora. A mãe de Bruno conseguiu pegar uma "folguinha" no mesmo final de semana, esperei com que ele fosse buscá-la, não foi.
Mesmo não podendo ter contato com os homens eu fiz questão de abraçar um por um, desejar boa sorte e dar tchau. Etiene era um dos homens que estava na clínica, ele está pulando de clínica em clínica fazem 12 anos, a família nunca o chama pra passear, ou sequer recebe visita. Os homens não recebiam alta pra poder ir passar o final de semana com seus familiares, pois sempre que saiam da clínica acabavam não voltando ou usavam drogas.
Etiene com o copro todo trêmulo pegou meu caderno e minha caneta e escreveu algumas coisas para eu ler durante a viagem e nunca mais esquecer daquilo, eram frases de Janis Joplin.
Lembro-me que perguntei a ele se estava com frio, pois chovia aquele dia e seu corpo estava molhado, ele fez um negativo com a cabeça e logo em seguida me respondeu o porque. Me disse que o tremor no corpo era efeito da medicação. Ele mal conseguia escrever, parecia uma criança aprendendo de como fazê-lo. Foi uma das coisas que mais me marcou.
No dia em que vim embora, não pude dar tchau a Sueli nem a Déborah. Sueli pegou um dia antes de "folga" e foi para casa com sua mãe e Déborah tinha uma consulta com seu psiquiatra em Curitiba.
Na noite anterior escrevi uma carta para cada uma.
Sinto falta de todas as pessoas que conheci, de todas as histórias que ouvi. Sinto saudades das enfermeiras, da cama dura... Até da comida ruim.
Eu posso lhe dizer o que é uma clínica psiquiatrica, o que ela pode te mostrar, o que você pode aprender, quais os riscos que você corre e quais metas você quer ter logo depois que sai.
Foram os 15 dias mais incríveis e inesquecíveis que eu tive em toda a minha vida, do qual eu tive que sofrer na pele pra poder ver que o mundo não é tudo aquilo que as pessoas acham que é, que a clínica não é nenhum bicho de sete cabeças, que não é nenhum bicho de uma cabeça só.
Que tem muito o que se aprender e tão pouco tempo para se viver.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

"Guardei sem ter porque, nem por razão, ou coisa outra qualquer. Além de não saber como fazer, pra ter um jeito meu de me mostrar. Achei vendo em você, explicação nenhuma isso requer, se o coração bater forte e arder, no fogo o gelo vai queimar. Pra você guardei o amor".

Bruce, o mais novo membro na família!


Nosso primeiro pastor branco.
Nosso neném.
15/03/2010

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Giraffidae


"A girafa, calada, lá de cima vê tudo e não diz nada" Millôr Fernandes.
Ano passado fui a uma das maiores exposições de móveis da América Latina, em Bento Gonçalves. Casa Brasil é o nome.
É uma mistura de diversas culturas mundiais, entre elas a africana. A cultura africana é muito interessante pois as coisas que lá eles vendiam não tinham a ver com móveis muitas vezes, mas sim com os acessórios para roupa e para casa, como mantas para sofá feitas a mão, colares feitos em ossos com vários detalhes de animais e cores alegres e chamativas.
Existiam miniaturas (como na foto acima) de vários animais simbólicos para o povo africano. Essas miniaturas tem em torno de dois a três centímetros de altura. Feitas à mão com todo cuidado.
A girafa é um dos animais mais sagrados para o povo africano, segundo a crença, eles acreditam que o ser humano veio ao mundo deslizando sob o pescoço da girafa, e que é um animal que tem a ligação divina entre o céu e a terra.
Além disso, é um animal que simboliza no "pensar sempre adiante e nunca olhar para trás", como a girafa tem o pescoço largo, acredita-se também que sempre devemos analisar os fatos e as coisas ao nosso redor de cima, antes de tomarmos qualquer atitude.
Isso me chamou bastante atenção ao adquirir a miniatura.

Only exception.

Você existe? Você é real? Eu posso te abraçar e te sentir?
Ou você é só uma projeção do perfeito?
Você realmente gosta de mim? Sente algo? Sente aquilo que me faz sentir bem também?
Você se sente bem, ou apenas fala as coisas pra me fazer sentir bem?
Vocé é uma projeção? Minha projeção do perfeito?
Você é mesmo desse jeito que fala tanto em ser? É tudo aquilo que me faz sonhar?

Espero que seja, hãn!

Famille - 1


Aniversário da Brubi.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

"Dá-se muita atenção ao custo de se realizar algo. E nenhuma ao custo de não realizá-lo". Philip Kotler.

terça-feira, 27 de abril de 2010

L'amour, hum... pas pour moi.


"Notre grand amour est mort lui naguère si vivant. S'il n'est pas encore mort il est agonisant. Quelqu'un l'a vu à genoux pleurer comme un enfant.
Les grandes amours sont frêles. Elles vacillent avec le temps.
Les grandes amours chancellent.
Les grandes amours sont folles. Elles sont folles de leur tourment.
Les grandes amours cruelles.
Notre grand amour est mort."
.
-un peu de musique Bruni.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Abarat.



Três é o número dos que fazem obra santa;
Dois é o número dos que fazem obra de amor;
Um é o número dos que fazem o mal perfeito;
Ou bem perfeito.



Das anotações de um monge da Ordem de Santo Oco, cujo nome é desconhecido.

1,99

Quando eu comprei esse porta-jóia que cabe uns brincos pequeno e uns anéis, eu era pequena e havia uma lojinha aqui mesmo perto de casa. Eu ia praticamente todos os dias comprar bobeiras que muitas vezes na segunda vez que eu usava já nem dava mais pra ocupar, aquelas coisinhas vagabundas que estragam super rápido e você nem tem o gostinho de brincar com elas. Pois é esse porta-jóia eu comprei em uma lojinha de 1,99 e é engraçado como ele signifa bastante pra mim, mesmo sujo, mesmo desbotado, mesmo tão pequeno e quase esquecido. Ele como tantas outras coisas fazem parte da minha vida e fizeram parte do meu passado. Mesmo com os defeitos e pelo preço, garanto que ele ficará no mesmo lugar durante muito tempo ainda.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

"Procure-me em qualquer confusão"

Ela é uma das pessoas mais importante pra mim. Sempre me ajudou e me deu uns esporros quando precisei. Provavelmente ela não vai ler mas eu estou escrevendo porque quem sabe um dia ela se interesse e leia não é?!
Ela me acompanha desde que nasci.
Apesar de sermos completamente o oposto uma da outra ela é minha irmã e a amo com todo o coração, mesmo quando eu faço cagadas.
Eu sempre vou estar ao lado das pessoas que me fazem bem, por mais distantes que estejam, eu sempre vou estar ao seu lado Brubi. E você vai completar mais um ciclo da tua vida semana que vem, eu te dou os parabéns antecipadamente.
Te amo minha irmã. :)

Bliiim!

Ela enche o saco, morde, pede comida, arranha as pernas, chora a noite, late pra tudo, mas é bem querida.

terça-feira, 20 de abril de 2010

"O mundo está ao contrário e ninguém reparou"


"O que você está fazendo?
Milhões de vazos sem nenhuma flor(...)
E em cada beijo seu;
E em cada estrela do céu;
E em cada flor do campo;
E em cada letra do papel.
Que cor terão seus ohos"
(Nando Reis e Cássia Eller)
E a arte continua nas ruas.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

uma pequena arte em CANOINHAS!


Quem diria!

Simplório mas que não resisti e tirei uma foto. No momento em que o fiz achei fantástica a idéia da pessoa(se é que foi a própria) que fez isso e logo me passou pela cabeça em postar no blog.
Aqui não se tem nenhum tipo de arte nas ruas. Eu tive que fotografar a primeira(espero eu que seja primeira de muitas) que vi :)
Numa folha A3 uma fotografia ou uma montagen... não sei. Colada ali recentemente(isso deu pra perceber pois ainda estava em um bom estado) uma foto que me chocou pois hoje de manhã mesmo imaginei como será perder meu cachorro que tem problemas de artrite, coração e pulmão.
Colada na rua 3 de Maio, na rua da cervejaria do Rupprecht Loeffler ou Lefra.
Eu estava morrendo de calor e bem cansada pensando na aula que terei na faculdade hoje e do concurso que farei final de semana, quando eu estava passando eu olhei de "revesgueio" a folha ali posta, achei interessante mas não dei muita importância. Dei uns quatro passos, parei, pensei, voltei e fotografei.